segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crítica: Sonhos de dragão (por Humberto Giancristofaro)

foto de Núbia Abe
Crítica da peça As incríveis histórias de Joe em: coragem para quem tem medo.
Autor: Humberto Giancristofaro

Quando o mundo onírico de uma criança ganha a liberdade, seu potencial criativo aflora e contagia tudo ao seu redor. É isso que a Etc i Tal Artes Cênicas e Manipuladora de Formas torna visível com a montagem de As incríveis histórias de Joe em: coragem para quem tem medo. Trata-se de uma apresentação de teatro de bonecos que explora o poder regenerador de acompanhar a jornada de um herói.

Diante de uma pesada mão repressiva que o impede de prolongar os prazeres juvenis, Joe mergulha na imensidão de um sono profundo. O elenco de bonequeiros (Flaviano Koch, Alexandra Ferreira, Cidival Batista), embalados por uma trilha de Yann Tiersen (Amelie Poulain), precisam um movimento corporal ao boneco que o anima puerilmente. É essa expressividade de espuma que acondiciona a percepção da plateia e a transporta para o mundo subterrâneo dos sonhos. Nessa região escura da consciência do garoto é que o seu embate acontece. Os medos e desventuras começam por desafiá-lo; com cada brinquedo procurando a revanche do tratamento que receberam pela criança.

O público infantil, levado pelo tom das brincadeiras, acompanha os passos desse pequeno grande herói. Sem demagogismos a trama elucida a importância do objeto brinquedo. Afinal, este é um elemento que auxilia a consolidação da personalidade na infância. Com a banalização do consumo em massa, porém, os brinquedos passaram a ter seu valor diminuído. Perder a cabeça de um, partir ao meio o outro, não é um problema para a criança – ações que fomentam um comportamento de descaso. Nessa história, Joe percebe que deve ter mais atenção com seus brinquedos, dando-lhes um valor que pode transformar o mais simples deles numa aventura fantástica como a de um passeio aéreo montado num Dragão.

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